Find The River
Nota para o self: Tu és o mar!
Acordei com os pássaros a chilrear e uma pena triste ao entrar na cozinha. No corredor, o Sol entra e toma conta de todos os espaços. Ah como gosto tanto do Sol
e a Kiki, a bebé da Minie, a gastar os últimos fôlegos na tentativa de respirar. Acredito que a rejeição da mãe pela cria tem a ver com o problema de saúde da bebé. Cardíaca. Não sou veterinária, mas tenho raios x nos olhos. A menina a perder o fio de anima. E choro, também por ela e pela mãe que ao ouvir os seus gemidos, inicia o espetáculo triste como a noite, sabendo que vai perder, mas numa última tentativa de injetar o seu fôlego naquele bebé do tamanho de um dedo, lambe-a, impulsivamente agitada. Porque choro eu, se a vida é isto, um sopro que nos arranca e nos separa e nos divide e nos afasta e nos revolta e nos dilacera? Os animais são sábios e sentem que o "destino" possui o machado que nos arranca esperanças e martírios. O desafio é constante.
Perder o sopro da vida, perder a companhia, perder a poesia do dia numa morte premeditada pela natureza. Um ensaio a todas as mortes que acontecem diariamente a cada um de nós, a morte das situações, dos problemas, das expiações e também da vida. O que permanece e deve prosseguir connosco é a esperança, e o caminho.
A minha cadela Kiri pegou no corpo desta cria de gato e foi chorá-la para onde repousa outra cria, perdida na semana passada. E ela chora e lambe uma cria que não é sua, mas ela conhece bem este sentimento de perder, ainda chora o seu Chiquinho. Os animais são magníficos professores dos homens. O domingo tem sol mas não é um sol de alegria, senão um sol de desafio, prometendo que nada do que é, permanece, nada do que será é isto! E essa esperança é que me limpa os olhos, que me oferece as horas que vêm e os sonhos que ainda carrego.
Tu és o mar e eu um caudal de água que te necessita para alcançar o grande Oceano. Meu amor, tu és o meu Sol.
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